Desde que se estabeleceu em solo pelotense, em janeiro de 2011, o Festival Internacional Sesc de Música transformou os verões pelotenses, que ganharam as múltiplas sonoridades que vêm dos instrumentos e das vozes. O hiato provocado pela pandemia de coronavírus, nas duas últimas temporadas, só reforçou o quanto a comunidade valoriza a iniciativa. Para matar a saudade, a 11ª edição finalmente vai ocorrer, a partir desta segunda-feira (16), levando à comunidade mais de 60 atrações gratuitas.

Um dos maiores eventos de música de concerto da América Latina, retoma toda a sua potencialidade durante os 12 dias de realização. São por exemplo 50 professores reconhecidos mundialmente em academias, conservatórios de música e orquestras pelo mundo, que marcam presença ministrando, oficinas, cursos, masterclasses e se apresentando para o público local. O evento tem como objetivo incentivar o desenvolvimento da produção musical, fomentar o intercâmbio e o proporcionar o desfrute de bens culturais.

De acordo com os organizadores, alguns destes músicos são oriundos dos Estados Unidos, China, Chile, Itália, Portugal, Alemanha, Rússia, Bielorússia e Japão, além dos brasileiros. Estrelas da música internacional de concerto, como o violinista chines Yang Liu, um dos vencedores da Competição Nacional de Violino do seu país e da 12ª Competição Internacional Tchaikovsky, em Moscou. Atualmente, o premiado instrumentista é professor no Columbia College, de Chicago, nos Estados Unidos.

Uma das novidades este ano, antecipa o gerente do Sesc Pelotas, Luís Fernando Parada, será a blitz no comércio. A ideia é levar música em diferentes casas comerciais de surpresa para os funcionários e público. "Vamos marcar e levar três músicos, que farão uma pequena apresentação, sendo que esses músicos são oriundos de projetos sociais, que vêm remunerados pelo Festival para essa agenda", comenta Parada.

Especial para os iniciantes

"O Festival volta com a mesma lógica de ações, seja na parte pedagógica, com os cursos, professores e alunos, selecionados ainda no ano passado, e as apresentações artísticas gratuitas", fala o diretor de Cultura do Sesc-RS, Sílvio Bento. Como em anos anteriores, são 350 músicos estudantes, de 19 estados brasileiros e cinco países, que estarão em Pelotas. Este ano tem ainda a particularidade da presença dos alunos dos projetos sociais das orquestras do Sesc no Brasil e das orquestras Estudantil do Areal e Estudantil Municipal, que participarão de aulas pensadas para estes estudantes.

"Vamos ter professores específicos que vão atender estes alunos de orquestras jovens, porque temos alunos de níveis avançados, então a gente separa e dá espaço para eles na programação, com uma noite de concerto com a que a gente chama de Orquestra Jovem Sesc Brasil", antecipa Bento. Esse espetáculo ocorrerá dia 24 deste mês,no Theatro Guarany, às 20h30min. Além dos pelotenses, participam instrumentistas dos projetos Sesc realizados nos estados do Maranhã, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Roraima, Paraíba e Sergipe, sob a regência do maestro Geovane Marquetti.

Bento fala que a programação (completa pelo link: https://www.sesc-rs.com.br/festival/programacao/) com 60 atrações, que vão da música de concerto a popular, dando destaque, por exemplo, ao choro local, com uma homenagem ao cavaquinista Avendano Júnior. No dia 25, também no Guarany, às 20h, ocorrerá um espetáculo composto por músicos de Pelotas, reverenciando Avendano e a tradição deste gênero musical no município, lembrando as noites boemia do bar Liberdade.

Avendano Júnior (1939-2012) é um dos compositores destacados pelo Festival, que perfila o pelotense ao lado de nomes célebres, como Johanes Brahms (1833-1897), Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993). Os personagens inspiradores da vida real estão também em destaque na arte do evento, através das ilustrações criadas pelo também pelotense Madu Lopes.

Em sua visão artística, Lopes integrou esses músicos a espaços arquitetônicos que são referência da história do município. "O universo artístico e cultural da cidade de Pelotas foi e ainda é fundamental na minha formação enquanto artista. Foi muito importante no meu processo de sensibilização e inspiração o contato com grandes nomes das artes pelotenses como Fernando Duval e Melo da Costa. Minha relação com as ruas, casarios, as paisagens e memórias de uma Pelotas que respira arte também se mesclam a esse imaginário que tento criar nas minhas obras. Foi esse imaginário que busquei trazer para as imagens criadas para o evento, e a figura do Avendano me veio como um grande anfitrião de nossa cidade, acolhendo a todos com sua música. Foi uma forma de homenagear o compositor que tanto admiro", explica Madu Lopes.

Programação


E para quem ainda não se sentiu convidado, o tradicional cortejo musical de abertura vai sair às ruas do Centro Histórico, às 18h, de segunda-feira (16), a partir do Largo do Mercado Público. A atração reunirá instrumentos como violinos, flautas, trompetes e percussão e, claro, terá a participação dos músicos envolvidos no Festival.

Os ingressos

Apesar das atividades para o público serem gratuitas, os espetáculos que ocorrerão no Theatro Guarany, rua Lobo da Costa, 849, e no Teatro Sicredi, avenida Dom Joaquim, 1.087, demandam a retirada antecipada de ingressos, por conta da capacidade de assentos. As entregas serão feitas na rua Lobo da Costa, 849, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30min às 18h30min.

Há limite de um par por pessoa, conforme o cronograma, que começou na semana passada. Nesta semana: terça (17), quarta (18) e quinta-feira (19) são entregues para os dias 19, 22 e 23; e em 20, 21, 23 e 24 são distribuídos ingressos para os dias 24, 25 e 26. Quem não conseguir buscar com antecedência, pode tentar uma hora antes de cada concerto na entrada dos teatros, onde haverá um número limitado de ingressos. Sugere-se a doação de um quilo de alimento não perecível por pessoa para o programa Mesa Brasil Sesc.

Promovido pelo Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal, em parceria com a Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo, e tendo como diretor artístico o maestro Evandro Matté. O evento conta com o patrocínio master do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), apoio da Panvel Farmácias, apoio cultural da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Bibliotheca Pública Pelotense, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) e Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e apoio institucional da Prefeitura Municipal de Pelotas.

Programe-se

Os organizadores do evento apontam dez motivos para prestigiar o Festival:


60 espetáculos em 12 dias
Apresentações de professores, alunos e artistas convidados em diversos locais de Pelotas compõem a programação, que terá, além dos tradicionais concertos no Theatro Guarany e Teatro Sicredi, o Festival na Comunidade, com música em hospitais, igrejas e outros ambientes. A Praia do Laranjal e a Bibliotheca Pública Pelotense também serão palcos das apresentações, que são gratuitas e acontecem em vários horários para alcançar um grande público.

Músicos de 11 países
O Festival levará a Pelotas professores, além do Rio Grande do Sul, de São Paulo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília. De fora do Brasil, somam-se outros dez países representados: Estados Unidos, Chile, China, Itália, Portugal, Rússia, Bielorússia, Japão, Argentina e Bulgária. Especializados em diversos instrumentos e reconhecidos nas mais tradicionais orquestras do mundo, os educadores repassarão seus conhecimentos para cerca de 350 alunos.

Orquestras Jovens
Com 51 integrantes no total, as Orquestras Jovens dos Sesc Pernambuco, Pará, Paraíba, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Roraima, Maranhão e Piauí participarão tanto do eixo Pedagógico, com aulas no Núcleo Social, quanto do Sociocultural, com apresentações em diferentes formações instrumentais. Vindos de realidades de vulnerabilidade social, os jovens encontram na música uma forma de transformar suas vidas.

Avendano Júnior e a tradição do choro em Pelotas
Pelotense, o músico e compositor Assumpção Avendano Júnior é um dos homenageados da 11ª edição do Festival. Precursor do choro na cidade e uma das figuras mais célebres do ritmo no país, Avendano será lembrado em um recital no dia 19, às 19h, na Bibliotheca Pública Pelotense, pelos músicos brasileiros Mathias Behrends Pinto, Lucian Krolow, Matheus Kleber, Elias Barboza, Guilherme Sanches, Alexandre Susin, Fernando Deddos, Albert Khattar e Marcelo Barboza. No dia 25, às 20h30min, o clássico palco do Theatro Guarany apresentará Avendano Júnior: a tradição do choro em Pelotas. O repertório do espetáculo terá clássicos do compositor, além de revisitar a memória coletiva e sonora das noites boêmias no Bar Liberdade.

Vitor Ramil canta na cidade natal
Cantor, compositor e escritor, Vitor Ramil nasceu em Pelotas, mas fez sua carreira conhecida no Brasil e no mundo. No dia 21, às 20h, ele retorna à cidade natal para apresentar um concerto ao lado da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, sob a regência do maestro Evandro Matté. Além de outros clássicos da música brasileira, na Praia do Laranjal, Ramil interpretará alguns de seus sucessos como "Estrela, estrela", "Satolep", "Milonga de los morenos" e mais.

Orquestra Mundana Refugi
Formada por músicos, além do Brasil, imigrantes e refugiados do Congo, China, Cuba, França, Guiné, Irã, Palestina, Síria, Turquia e Venezuela, a Orquestra Mundana Refugi reflete em suas apresentações a multiplicidade cultural que a compõem. O concerto, que acontecerá na terça-feira (17), às 20h30min, no Theatro Guarany, terá direção musical de Carlinhos Antunes, em uma mistura de música brasileira, africana, latina e europeia. Entre os instrumentos, destacam-se alaúde, duduque, ronroco, charango, djembe, derbak, harpa chinesa, acordeon, clarinete, flauta, bateria, piano, baixo e violino.

Ópera Cavalleria Rusticana
Obra-prima do compositor italiano Pietro Mascagni (1863-1945), a montagem Cavalleria Rusticana (1890) será apresentada pela Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS), no dia 19, às 20h30min, no Theatro Guarany. O elenco é formado por cantores da cena lírica gaúcha, interpretando a estreia da ópera em ato único, que aconteceu em 17 de maio de 1890 no Teatro Constanzi, em Roma, e é considerada uma das primeiras composições do realismo operístico italiano ou verismo. São eles: Eiko Senda como Santuzza, Daniel Germano no papel de Alfio, Carolina Braga será Lola, Lazlo Bonilla é Turiddu, Angela Diel como Lucia e Fernando Rauber no piano. O coro da Sociedade Música Pela Música, sob a regência e preparação de Sérgio Sisto, fará uma participação especial.

Festival na Comunidade
Defensor da democratização da cultura, o Sesc/RS proporcionará no 11º Festival Internacional Sesc de Música 24 apresentações através do Festival na Comunidade. Os espetáculos acontecerão em hospitais, igrejas, praças, na Casa da Música, Campus da Saúde da Universidade Católica de Pelotas, na rodoviária e em outros pontos, possibilitando que mais pessoas acompanhem o evento. Alguns concertos são para público e interno e, os que serão na rua, podem ser transferidos por conta de instabilidade climática. Os detalhes podem ser conferidos no site.

A praia do Laranjal
Banhada pela Lagoa dos Patos, com os balneários Santo Antônio, Valverde e dos Prazeres, a Praia do Laranjal é um convite para quem quer, não apenas curtir o verão tomando um sol ou um banho de lagoa, mas também apreciar boa música. O Palco do Festival será montado na beira do Laranjal, onde a comunidade poderá ver espetáculos com a Banda Sinfônica Acadêmica e a Orquestra de Câmara Theatro São Pedro e Vitor Ramil.

A cidade histórica
Para quem prefere turismo urbano, a cidade de Pelotas é repleta de lugares incríveis. Belas construções arquitetônicas como o Theatro Guarany, a Bibliotheca Pública Pelotense e o Mercado Público são opções para os visitantes, assim como atrações ao ar livre, como a Charqueada São João e a Fonte das Nereidas, na Praça Coronel Pedro Osório. Quem estiver no Festival, não pode deixar de provar os tradicionais doces de Pelotas, em especial o camafeu, o quindim e o pastel de Belém, que evidenciam a influência e a tradição portuguesa no município.